Volume 3, Nº2 (2016)
1. Mais um número da nossa revista. Mais um passo na construção dum instrumento de trabalho que queremos que seja útil para cada vez mais pessoas. E que, só se torna possível com os contributos de todos aqueles que olham para as adições como um fenómeno a descrever, a investigar a compreender. E também daqueles que não só olham para o fenómeno mas veem também as mulheres e os homens por ele atingidos e que deles se sentem solidários procurando encontrar formas de responder aos seus diferentes apelos.
2. Uma das tarefas que me parece importante é ser capaz de descrever, de uma forma mais rigorosa, quem são as pessoas hoje com problemas de adição. E para estimular a reflexão, a discussão e a investigação, avanço com algu‑ mas ideias sobre os diferentes grupos que nos procuram;
• Consumidores de canábis com ou sem crises psicóticas
• Consumidores não problemáticos de álcool, drogas sintéticas e cocaína aos fins de semana
• Consumidores problemáticos de álcool, drogas sinté‑ ticas e cocaína com sintomatologia psicótica e consumos obsessivos
• Dependentes de opiáceos em programas de substituição de metadona ou buprenorfina, sem outros consumos e integrados socialmente
• Dependentes de opiáceos em programas de substituição de metadona ou buprenorfina, com outros consumos e não integrados socialmente
• Dependentes de opiáceos e cocaína eventualmente sem abrigo e marginalizados socialmente
• Dependentes de álcool sem história de outros consumos significativos
E não estou a referir‑me ainda aos adictos sem substância
que cada vez mais se nos apresentam como um novo
problema que temos que enfrentar.
3. Obviamente, estes grupos mantêm uma relação com os serviços muito diferenciada, desde os que não os procuram nunca, até aos que mantêm uma relação muito próxima ou mesmo diária. Este facto pode enviesar certo tipo de amostras. Os nossos clientes habituais ou próximos não são representativos do universo total.
Por outro lado a intervenção preventiva, terapêutica, de redução de riscos, de reinserção social junto destes diversos grupos exige atuações diferenciadas. Consideramos que a Adictologia pode ser um local de apresentação das novas experiências de atuação e do balanço de outras intervenções.
4. Estão as nossas instituições atuais dotadas dos meios suficientes para este trabalho? E no estado de fragmentação organizativa em que nos encontramos temos os ins‑ trumentos para uma reflexão comum geradora de práticas mais adequadas? Poderá Adictologia ser um instrumento que diminua as consequências da fragmentação? Ou mesmo um elemento importante na luta contra a fragmentação?
Diretor
Nuno Silva Miguel
Conselho editorial
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Propriedade
Associação Portuguesa de Adictologia
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Desenho e Paginação
Henrique Patrício
ISSN – 2183‑3168
Publicação Semestral